
Claudio Pfeil
LÉLIA GONZALEZ 3 - "NEGUINHA ATREVIDA": O RACISMO COMO NEUROSE CULTURAL BRASILEIRA
"RACISMO E SEXISMO NA CULTURA BRASILEIRA"
Comunicação de Lélia Gonzalez em “Temas e Problemas da População Negra no Brasil”, Rio de Janeiro, 1980
PARTE 1 - Cumé que a gente fica?
Analisamos a longa epígrafe de Lélia a partir de 3 perguntas:
A- Em relação à forma, o que vocês destacam?
B- Em relação ao conteúdo, quais os "ganchos" fundamentais?
C- Que elementos metafóricos reforçam o teor?
A -
COLOQUIALISMO : Cumé, pra festa, pra gente, pra falar, sentar na mesa, tavam, tava, monte de coisa, quizumba, tá queimada
ESTEREÓTIPOS : Crioléu, neguinha, negrada, crioulo
“preto quando não caga na entrada caga na saída”
B- GANCHOS E ELEMENTOS METAFÓRICOS
1) DIVISÃO RACIAL → REDOBRADA DE DEFASAGEM EDUCACIONAL
ELES (brancos) → gente fina, educada, viajada, culta →
“eles sabem das coisas”
X
“A GENTE” (negros) → oprimida, discriminada, explorada, mal educada
2) DEMARCAÇÃO ESPACIAL COMO METÁFORA DA DIVISÃO RACIAL
3) “LUGAR DO ESPAÇO” COMO METÁFORA DA DIVISÃO RACIAL SE DESDOBRA EM OUTRA METÁFORA: “LUGAR DE FALA”
4) LUGAR DE VOZ = LUGAR DE PODER
EM 1, 2, 3, 4 TUDO CERTO, EM ORDEM → É UMA FESTA
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5) REVIRAVOLTA → A FESTA SE TRANSFORMA EM KIZUMBA
6) “BRANCOS DE RAIVA” E COM RAZÃO
7) O NEGRO É CULPADO → CRIMINOSO
"CRIMINAL" → MITO DO “NEGRO PREDADOR SEXUAL” → MITO CONSTRUÍDO PELA IDEOLOGIA RACISTA → chancela da repressão e encarceramento em massa dos negros desde a abolição (13º Emenda nos EUA, Lei Áurea no Brasil) aos nossos dias → "capitalismo racial": o capitalismo é indissociável da escravidão e colonização
Claudio Pfeil - CASA VIT(R)AL
04/03/2021